Textos da Pirâmide.

Muito é dito sobre os “Textos das Pirâmides” quando se estuda o Antigo Egito, mas poucos desses textos estão disponíveis na internet para estudiosos e/ou apaixonados pela cultura dos antigos egípcios. Os Textos das Pirâmides são um repertório de orações, feitiços, crenças religiosas e parte da cosmologia antiga registrados em passagens, câmaras e antecâmaras nas pirâmides do Antigo Reino a fim de ajudar o Faraó a garantir a sua vida eterna. Eles são uma coleção de textos, sem ordem aparente, usados durante a cerimônia fúnebre.

Esses textos são os mais antigos textos religiosos conhecidos no Egito. Foram escritos durante as dinastias V a VIII. Os mais antigos foram descobertos na pirâmide de Unas, último rei da V dinastia. Também foram encontrados nas pirâmides de Teti, Pepi I, Merenre, Pepi II, Kakara Ibi e das esposas de Pepi II, todos na necrópole de Saqqara. Com a evolução dos “Textos das Pirâmides” criaram-se os “Textos dos sarcófagos”, que durante o Primeiro Período Intermediário do Egito começaram a ser escritos nos sarcófagos dos nobres. No Reino Médio são de dois tipos: pessoais (que narram a vida do falecido) ou jurídicos (descrevendo o legado de sua propriedade). Com a evolução dos pensamentos egípcios, a imortalidade passou a não ser mais um privilégio exclusivo do Faraó; já era possível para as classes mais altas ter esse mesmo privilégio. Durante o Império Novo começou-se a escrever em papiros que eram depositados no interior dos sarcófagos, dando origem ao chamado Livro dos Mortos, que descreve o que deve ser feito com o espírito do falecido para alcançar a vida eterna.
Os textos  das pirâmides era um conjunto de litanias rituais, exclusivas ao Faraó, destinadas a ilustrar o caminho para a Eternidade. Diferindo do livro dos mortos – de quem seria uma das fontes – o texto não levava a julgamentos, mas sim a perfeita união com o Deus Sol.

Os textos foram encontrados em varias pirâmides e mastabas faraônicas do antigo império, como as dos reis Unas, Pepi I, Pepi II, etc. Seu conteúdo variava de túmulo para túmulo, assim como as divindades associadas ao texto.

Naturalmente havia fatores de coesão entre os hinos, como a presença constante do mito de criação de Heliópolis, assim como uma clara preponderância de Rá. em suas construções de frases, e na forma de colocação do sujeito vemos evoluções da escrita egípcia. O texto então apresenta uma constituição arcaica, mas de grande mutação de texto para texto. Essas mutações além de gramaticais eram históricas:a presença de Rá nos textos mais antigos é menor, assim como a influência de outros deuses.

Restos da pirâmide de Unas, onde foram encontrados os primeiros textos religiosos - Acervo pessoal.
Restos da pirâmide de Unas, onde foram encontrados os primeiros textos religiosos – Acervo pessoal.

Os relatos trazem teorias da criação, várias lendas e textos sobre ressurreição ou a identificação com os deuses. Quando foram escritos, os textos deviam ser muito conhecidos, pelo menos nos círculos religiosos, e por isso é muito possível que tenham sido escritos em outros monumentos que não chegaram até nós, muito antes mesmo dos registrados na pirâmide de Unas. Esta, onde os primeiros textos foram escritos, consiste inteiramente de 228 declarações, número que mais tarde, com outros textos das pirâmides, chegou a ser três vezes maior. Os textos foram descobertos em 1881 por Gaston Maspero e compilados por alguns estudiosos como Samuel AB Mercer, Kurt Heinrich Sethe, Sleepers Louis, entre outros. A compilação feita por Samuel Mercer está disponível no site www.sacred-texts.com (em Inglês) e posteriormente será traduzida por nós para o português. Há também outro site que mostra fotos do interior das pirâmides em hieróglifos juntamente com a tradução em inglês dos textos: www.pyramidtextsonline.com.

O Texto das Pirâmides constitui o mais valioso dos textos do antigo império, sendo base de muitos escritos seguintes. Alguns dos hinos que o compõe, como o “hino canibal” remontam ao período proto dinástico.

Caiu em desuso com o tempo, jamais voltando á baila, tanto devido a sua exclusividade como pela existência do mais barato e mais democrático “Livro dos Mortos.” No novo império foi muito estudado por Kha-en-Qaset, filho de Ramsés II e grande sacerdote de Ptah, quem reformou a necrópole de Sakarah e as pirâmides, repintando os signos nas paredes.

Sarcófago na pirâmide do faraó Teti em Saqqara - Acervo pessoal.
Sarcófago na pirâmide do faraó Teti em Saqqara – Acervo pessoal.

Há sempre uma variação de traduções entre um estudioso e outro, que acaba por seguir o lado da interpretação de cada um. Esperamos que todos que possam ler esses textos façam uma avaliação mais minuciosa dos links citados acima e quem sabe até mesmo debatam sobre tais declarações dos Textos das Pirâmides.

 

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