O Código do Ópio do Antigo Egito.

A Farmácia Secreta de Tutancâmon e a Grande Revelação da GEM  – 

Autora: Wendy Bradfield         Wendy Bradfield       26 de outubro  2025.

Reescrevendo a narrativa: o ópio em embarcações reais.

Uma análise química inovadora de um vaso de alabastro, outrora atribuído a Xerxes I, revelou vestígios de alcaloides do ópio, reformulando a compreensão acadêmica da farmacologia do antigo Egito e do saque da tumba de Tutancâmon.
Essa revelação ganha ainda mais relevância à medida que o Grande Museu Egípcio (GEM) se prepara para revelar,  pela primeira vez na história, toda a coleção da tumba do Rei Tutancâmon — um momento que suscita tanto admiração pública quanto reavaliação acadêmica.
Pesquisadores do Programa de Farmacologia Antiga da Universidade de Yale identificaram recentemente morfina, tebaína, noscapina e papaverina em um vaso de calcita-alabastro que permaneceu por muito tempo na Coleção Babilônica do Museu Peabody de Yale. As inscrições no vaso, em acádio, elamita, persa antigo e egípcio, o ligam a Xerxes I, sugerindo que se tratava de um presente diplomático.
A natureza porosa do alabastro preservou resíduos orgânicos por milênios, permitindo que os cientistas os extraíssem e analisassem usando cromatografia gasosa-espectrometria de massa.

Essa descoberta desafia antigas suposições de que tais recipientes continham perfumes ou cosméticos. Em vez disso, a presença de ópio sugere um uso generalizado, possivelmente ritualístico ou medicinal, de narcóticos em círculos da elite.

As implicações estendem-se ao túmulo de Tutancâmon, cujos vasos de alabastro — antes considerados como contendo óleos perfumados — podem ter contido substâncias semelhantes.

A farmácia secreta de Tutancâmon: uma nova perspectiva sobre a pilhagem na Antiguidade.

As anotações de escavação de Howard Carter na tumba KV62 descrevem duas intrusões distintas de antigos saqueadores: uma com o objetivo de roubar metais preciosos e outra focada em raspar resíduos de vasos de alabastro. A equipe de Yale levanta a hipótese de que esses ladrões buscavam ópio, e não óleos, devido ao seu alto valor no antigo mercado negro. Essa teoria é corroborada pela substância pegajosa e marrom-escura encontrada em muitos dos jarros de Tutancâmon, cujo perfil químico corresponde ao látex de ópio seco.
O formato dos próprios vasos de alabastro pode ter indicado seu conteúdo, assim como as associações modernas ligam o narguilé ao tabaco. Vasos semelhantes de Chipre e da vila de Sedment, do Novo Reino, também apresentam resíduos degradados compatíveis com alcaloides do ópio.

A Revelação do GEM: Um Portal para uma Investigação Mais Profunda.

A tão aguardada exposição completa da coleção da tumba de Tutancâmon no Grande Museu Egípcio oferece uma oportunidade sem precedentes para testar essas teorias.
Com mais de 5.000 artefatos agora acessíveis a pesquisadores e ao público, o GEM se torna um laboratório vivo para a farmacologia antiga. O que mais poderemos descobrir na farmácia secreta de Tutancâmon?
Descobertas como o vaso de alabastro impregnado de ópio nos convidam a reimaginar o antigo Egito não apenas como uma civilização de ouro e deuses, mas como uma civilização imersa em rituais, medicina e mistério.
Essas substâncias eram usadas em embalsamento, transe ritual ou cura? Sua presença significava status ou servia como oferenda aos deuses?
Nessa convergência entre ciência e legado sagrado, o túmulo do jovem rei se torna um portal, oferecendo novas perspectivas sobre a farmacopeia oculta do mundo antigo e o enigma duradouro de seu túmulo mais icônico.

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